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Secretaria de Município da Saúde

22/06/2021 22/06/2021 19h25m

Prefeitura de Santa Maria inicia novo inquérito sorológico para identificar casos de leishmaniose


João Vilnei (Mtb 18.086)

Saiba como funciona o trabalho de busca ativa e como prevenir a doença, que é transmitida por um mosquito

Em mais uma ação voltada à proteção da saúde pública do Município, a Prefeitura, por meio do setor de Vigilância Ambiental, começou, nesta terça-feira (22), um inquérito sorológico canino para identificar novos casos de leishmaniose visceral em Santa Maria. O trabalho faz parte do processo de busca ativa de registros da doença. A enfermidade é transmitida por um mosquito, que pica um cão infectado e, posteriormente, uma pessoa, contaminando-a (veja, abaixo, mais detalhes).

A previsão é de que o inquérito dure cerca de três semanas. Serão aproximadamente 45 residências visitadas em uma área do Bairro Divina Providência, na Região Norte, com a realização de coletas em 142 cachorros. A coleta das amostras para os testes rápidos ocorrerão às terças e quartas-feiras à tarde e, caso apontarem resultado positivo, serão enviadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS), em Porto Alegre, para uma segunda confirmação. As residências envolvidas no inquérito já estão pré-determinadas e estão em um raio de 150 metros de onde morava um homem que morreu neste ano depois de ter contraído leishmaniose visceral.

De acordo com o médico veterinário Carlos Flavio Barbosa da Silva, da Prefeitura, a partir de agora, um aplicativo desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com o Executivo Municipal passará a ser testado em trabalho de campo. Inicialmente, o aplicativo vai ser utilizado entre médicos veterinários de Santa Maria para agilizar o registro de notificações de leishmaniose visceral.

Neste ano, já foi realizado um inquérito sorológico canino, no Bairro Nossa Senhora Medianeira, com 72 cães. As análises foram realizadas pelo Lacen, e cinco cães foram positivos para a doença.

“Embora tenhamos casos de leishmaniose visceral em diversas regiões administrativas, a maior concentração ocorre nas regiões Norte, Centro-Norte e Centro-Oeste”, explica o médico veterinário da Prefeitura.

Busca ativa

Desde 2011, o Município faz a busca ativa de casos de leishmaniose visceral. O trabalho costuma ocorrer após notificação de casos efetuada por médicos veterinários do setor privado. Então, a equipe da Prefeitura entra em contato com o proprietário do animal para agendar uma inspeção zoosanitária, na qual é coletado o sangue do suspeito e dos demais cães que pertencem ao mesmo local. Na ocasião, são prestadas informações e orientações relacionadas à enfermidade e à conduta que precisa ser adotada, a exemplo da necessidade de encoleiramento (com coleiras impregnadas de inseticidas) dos cachorros.

Depois das coletas, é realizado o teste rápido em Santa Maria. Os resultados positivos são encaminhados para o Lacen-RS, para a realização de um segundo teste. Se o resultado se confirmar como reagente, o proprietário do animal receberá uma cópia do resultado, e um Termo de Ciência e Notificação será lavrado para que ele opte pelo tratamento da doença ou pela eutanásia, preconizada pelo Ministério da Saúde.

Já a comunicação do diagnóstico da leishmaniose em humanos é dirigida para o Setor de Vigilância Epidemiológica e Imunizações, que dá sequência às investigações.

“Queremos que a população se conscientize e seja nossa parceira no combate à leishmaniose visceral. Todo o trabalho de busca é feito com cuidado e critérios bem definidos”, afirma o médico veterinário Carlos Flavio Barbosa da Silva.

Casos

De janeiro a junho de 2021, a Prefeitura realizou 107 coletas para testes de leishmaniose visceral em animais de 44 residências, das quais 10 tiveram resultado positivo, e 92, negativo. Neste momento, cinco amostras coletadas estão do Lacen-RS e aguardam uma segunda confirmação para ser contabilizadas definitivamente como reagentes.

Em seres humanos, foram registrados dois casos de leishmaniose visceral. A situação é inédita na história do Município. O primeiro paciente foi um jovem de 20 anos, que, após internação hospitalar e uma bateria de testes, teve o caso confirmado. Ele recebeu tratamento conforme protocolo do Ministério da Saúde e se recuperou bem. O segundo caso foi de um paciente de 58 anos, com histórico de comorbidades, que havia sido internado para tratamento de alcoolismo em uma comunidade terapêutica fora da cidade e, depois de um breve período, retornou a Santa Maria. Foi quando ele se sentiu mal, consultou e precisou ser internado em um hospital, no qual foi descoberto que o homem era portador da leishmaniose visceral. Devido a diversas complicações, o paciente morreu.

 O que é a doença

A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa sistêmica transmitida por meio da picada de insetos conhecidos popularmente pelos “nomes” de mosquito-palha, asa-dura, tutuquiras, entre outros. De acordo com informações disponibilizadas no site do Ministério da Saúde, esses insetos têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, quando estão em posição de repouso, as asas deles permanecem eretas e semiabertas.

A transmissão ocorre quando fêmeas infectadas picam animais infectados, principalmente cães, e, depois, picam seres humanos. Nesse processo, é transmitido o protozoário Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral.

Com diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o tratamento da leishmaniose visceral em humanos é feito com medicamentos, que são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já para animais, o tratamento é feito com um produto veterinário, prescrito por profissional da área, vacinação ou uso de produtos repelentes, como coleiras impregnadas de inseticidas.

Carlos Flavio Barbosa da Silva ressalta que, em relação ao medicamento indicado para tratamento de cachorros, estudos realizados em caninos com leishmaniose visceral demonstraram altas taxas de recuperação e prevenção da evolução da doença clínica, assim como a diminuição de carga parasitária, porém, sem conferir cura.

“Em relação à vacina, os resultados alcançados até agora não justificam seu uso em larga escala, como medida de saúde pública, já que não existe comprovação de redução da incidência da infecção em humanos, da prevalência da doença em cães e da transmissão do parasita ao vetor”, complementa o profissional.

Outras informações são prestadas pela Prefeitura por meio do telefone (55) 3921-7158, com o setor de Vigilância Ambiental em Saúde.

Saiba quais são os sintomas (no caso dos seres humanos) e sinais clínicos (no caso de animais) da leishmaniose visceral*

No ser humano

  • Febre de longa duração
  • Aumento do fígado e do baço
  • Perda de peso
  • Sensação de fraqueza
  • Redução de força muscular
  • Anemia

Animais (a doença tem prevalência principalmente em cães)

  • Cães assintomáticos: ausência de sinais clínicos sugestivos de infecção por leishmaniose
  • Cães oligossintomáticos: presença de adenopatia linfoide (aumento do volume dos gânglios linfáticos), pequena perda de peso e pelo opaco
  • Cães sintomáticos: alterações cutâneas (na pele), onicogrifose (distúrbio nas unhas), emagrecimento, ceratoconjuntivite (secura da membrana que reveste a pálpebra) e perda parcial da mobilidade dos membros inferiores

Saiba como evitar a leishmaniose visceral*

A prevenção à leishmaniose visceral ocorre por meio do combate do mosquito transmissor. Para isso, é preciso a colaboração da população, que pode seguir as seguintes orientações:

  • Fazer a limpeza periódica dos quintais, com retirada de matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem)
  • Destinar adequadamente o lixo orgânico para impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos
  • Realizar a limpeza dos abrigos dos animais domésticos, além de evitar que os animais domésticos passem longe do domicílio, especialmente durante a noite, a fim de que insetos não sejam levados para dentro da residência
  • Usar inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). Essa orientação, porém, é indicada apenas para áreas com elevado número de diagnósticos (o que não é o caso de Santa Maria)

*Fonte: Ministério da Saúde

Texto: Rafael Favero (Mtb: 20.291)
Fotos: João Vilnei (Mtb 18.086)

Secretaria Extraordinária de Comunicação
Prefeitura Municipal de Santa Maria 

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