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27/01/2024 28/01/2024 08h54m
Caminhada e vigília marcam a primeira noite da programação alusiva aos 11 anos da tragédia na Boate Kiss
Atividades, com apoio da Prefeitura, seguem neste sábado (27) com a participação de familiares de vítimas da tragédia da Boate Kiss e de outras grandes tragédias do Brasil, como o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, e o incêndio no Ninho do Urubu (alojamento do Flamengo)
A Prefeitura apoia a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) na realização das atividades em alusão aos 11 anos da tragédia na Boate Kiss. Com o tema “Justiça e prevenção, para que nunca mais aconteça”, a programação iniciou na noite desta sexta-feira (26) e continua neste sábado (27). As atividades ocorrem em homenagem aos 242 jovens vítimas da trágica madrugada de 27 de janeiro de 2013, que deixou outros 636 feridos e culminou na maior tragédia do Rio Grande do Sul e a segunda maior do país em número de vítimas em um incêndio.
“Nós não podemos, nunca, esquecer o que aconteceu. E quando falo isso, é porque, lamentavelmente, na Rússia. em 2022, um incêndio em uma boate matou 13 jovens. Ano passado, um incêndio em um casamento no Iraque matou mais de 100 pessoas. E o Memorial às Vítimas da Boate Kiss, servirá de referência. O maior simbolismo dessa obra, além de fazer homenagem aos jovens que perderam a vida, é de mostrar a importância da prevenção e servir de exemplo para o mundo todo”, pontua o prefeito Jorge Pozzobom.
As atividades iniciaram com o acolhimento na Tenda da Vigília, montada na Praça Saldanha Marinho, em frente ao Banrisul. Novamente, o local foi ponto de encontro para o público que, entre abraços e lágrimas, vivenciava mais um 27 de janeiro. Para a caminhada até o prédio onde funcionava a Boate Kiss, na Rua dos Andradas, 1.925, foram distribuídas máscaras – cada uma com uma frase de reflexão sobre a tragédia – para que os presentes usassem durante o trajeto. Ao chegarem no local, as máscaras foram dispostas ao longo da fachada da edificação. O ato marcou a despedida das ruínas da boate que, em breve, dará lugar ao Memorial às Vítimas da Boate Kiss. O processo licitatório da obra está em andamento e tramita em prazo recursal de julgamento da habilitação das empresas concorrentes.
Em um segundo momento, o público foi convidado a pegar pares dos mais de 250 calçados, dispostos na entrada do estacionamento do Carrefour, para colocar na calçada da boate. Logo após, flores foram colocadas em cada par. Durante o ato representativo, pelas caixas de som ecoavam relatos de familiares de vítimas e músicas tocantes. A iniciativa foi promovida pelo Coletivo de Psicanálise de Santa Maria. Conforme a psicóloga e integrante do coletivo, Vanessa Solis, a proposta buscou gerar a sensação de pertencimento e memória sobre as cicatrizes de um trauma coletivo.
“São 11 anos de uma tragédia que mudou a vida de toda a cidade. Temos a obrigação de estar aqui, junto aos familiares e amigos das vítimas, para não deixar aquele 27 de janeiro de 2013 cair no esquecimento, porque algo assim não pode mais acontecer, aqui e em nenhum lugar do mundo. Que nesses dias possamos refletir, homenagear as 242 pessoas que perderam a vida na Kiss e conscientizar, as atuais e próximas gerações, sobre prevenção e segurança. Desde aquela triste madrugada não somos mais os mesmos, mas seguiremos sempre honrando a memória dos que não estão mais aqui e vigilantes para que não se repita”, considera o vice-prefeito Rodrigo Decimo.
Perto das 2h30min deste sábado (27) – que seria o horário aproximado em que o incêndio começou – o nome de cada uma das vítimas foi lido, seguido por um minuto de aplausos e um abraço coletivo, encerrando a vigília. Também neste sábado, a partir das 18h30min, iniciam os painéis de discussão em um palco montado na frente da boate. A atividade terá a fala de familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia da Boate Kiss, mães de vítimas de outras situações de impunidade e também familiares de vítimas de outras grandes tragédias do Brasil, como o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), e o incêndio no Ninho do Urubu (alojamento do Flamengo, RJ). Confira abaixo a programação completa.
“Esse momento é de reunião e de pautar a prevenção e o quanto ela é necessária para valorizar a vida. É o primeiro ano que a gente tem na cidade a lei que foi aprovada no final do ano passado, coloca no calendário oficial do Município a Semana em Memória às Vítimas da Kiss. A Prefeitura ajudou a compor esse evento, trazendo alguns convidados bem importantes e que têm muito a nos ensinar e a gente muito a compartilhar da nossa experiência, especialmente diante da impunidade. Vamos debater a flexibilização da Lei Kiss, que é extremamente grave, e conversar com alguns sobreviventes sobre como eles estão onze anos depois. Também é um momento para a gente se fortalecer para o mês que vem, quando ocorre o novo júri”, comenta o presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi.
Agentes da Coordenadoria de Trânsito e Mobilidade Urbana (CTMU) e da Guarda Municipal atuam nas vias próximas para orientar motoristas e pedestres, e também auxiliam na segurança na Praça Saldanha Marinho e na Rua dos Andradas durante toda a programação. Profissionais psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais do Santa Maria Acolhe oferecem acompanhamento psicossocial durante a programação. A Prefeitura de Santa Maria apoia o evento com a infraestrutura de palco, lonas, sonorização, cadeiras e banheiros químicos.
JUSTIÇA E PREVENÇÃO, PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA | 11 ANOS DA TRAGÉDIA DA BOATE KISS
Dia 27, sábado (em frente ao prédio onde funcionava a Boate Kiss, Rua dos Andradas, 1.925, Centro)
• 18h30 | Abertura
• 19h | A vida impactada por uma tragédia com Darlei Constante Pisseta (pai de Bernardo Augusto Manzke Pisetta, vítima do incêndio no Ninho do Urubu - Flamengo), Josiane Melo (sobrevivente e irmã de vítima do rompimento de barragem da Vale, em Brumadinho e uma das fundadoras da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho - Avabrum) e Gabriel Rovadoschi Barros (sobrevivente da boate Kiss e presidente da AVTSM).
• 19h50 | Lei Kiss e os perigos da flexibilização com João Vivian (Engenheiro Civil, doutorando em Engenharia de Segurança ao Incêndio e Diretor de Negociações Coletivas Adjunto no Sindicato dos Engenheiros no Estado do RS - SENGE/RS) e Paulo Carvalho (Diretor Jurídico da AVTSM e pai de Rafael Carvalho)
• 20h25 | O incêndio na boate Kiss e suas consequências com Ceres Victora, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
• 20h40 | A dor de perder um filho e conviver com a impunidade com Marilia Panontin (mãe de Davi Panontin, recém-nascido vítima de negligência médica), Cátia Goulart (mãe do Andrei Goulart, assassinado aos 12 anos), Cibele Viana Costa (mãe de Isadora Viana Costa, vítima de feminicídio aos 22 anos) e Jaqueline Malezan (mãe de Augusto Malezan de Almeida Gomes, 18 anos, vítima da boate Kiss).
• 21h50 | A vida depois da boate Kiss, relato dos sobreviventes Gustavo Cauduro Cadore (médico veterinário e acadêmico de medicina), Maike dos Santos (designer gráfico), Cristiane dos Santos Clavé (funcionária pública e acadêmica da UFSM) e Delvani Brondani Rosso (protético).
• 22h35 Encerramento das atividades
Texto: Lenon de Paula (Mtb: 18.763)
Fotos: Marcelo Oliveira (Prefeitura)
Secretaria de Comunicação
Prefeitura Municipal de Santa Maria