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28/01/2024 29/01/2024 11h29m
União em meio ao luto e debates sobre impunidade encerram evento alusivo aos 11 anos da tragédia na Boate Kiss
Atividades ocorreram em homenagem aos 242 jovens vítimas da trágica madrugada de 27 de janeiro de 2013, e marcaram a despedida das ruínas da boate que, em breve, dará lugar ao Memorial às Vítimas da Boate Kiss
A Prefeitura apoia a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) na realização das atividades em alusão aos 11 anos da tragédia na Boate Kiss. Na noite deste sábado (27), foi realizada a segunda e última noite de programação em um palco montado na frente do prédio onde funcionava a Boate Kiss, na Rua dos Andradas, 1.925. A iniciativa foi transmitida ao vivo pela TV OVO e pode ser assistida na íntegra aqui.
Perto das 19h começou o primeiro painel de discussão, intitulado “A vida impactada por uma tragédia”. O painel foi mediado pelo psicanalista e coordenador do Santa Maria Acolhe, Volnei Dassoler, e reuniu Darlei Constante Pisetta, pai de Bernardo Augusto Manzke Pisetta, que aos 14 anos foi uma das 10 vítimas do incêndio em um alojamento do Flamengo, em dezembro de 2021; Josiane Melo, sobrevivente do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho e uma das fundadoras da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (Avabrum) e Gabriel Rovadoschi Barros, atual presidente da AVTSM e sobrevivente da tragédia da Boate Kiss. Na ocasião, cada um compartilhou sua experiência na luta pelos direitos dos familiares, por justiça e enfrentamento à impunidade.
Na sequência, o público apreciou a fala da antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ceres Gomes Victora, que apresentou o dossiê sobre o incêndio na boate Kiss e suas consequências, publicado no periódico “Brasiliana”, revista científica britânica de estudos brasileiros. O terceiro painel tratou sobre “Lei Kiss e os perigos da flexibilização” e a prevenção como forma de garantir a vida. O painel foi conduzido por João Leal Vivian, engenheiro Civil e doutorando em Engenharia de Segurança ao Incêndio e pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho; e Paulo Carvalho, diretor jurídico da AVTSM e pai de Rafael Nunes de Carvalho, 32 anos, uma das 242 vítimas da tragédia de Santa Maria.
O quarto painel teve como tema “A dor de perder um filho e conviver com a impunidade” e contou com a fala de quatro mães de vítimas que vivenciam situações de impunidade. São elas: Marilia Panontin, mãe de Davi Panontin, vítima de negligência médica dois dias após o nascimento, em julho de 2023; Cátia Goulart, mãe de Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, assassinado em novembro de 2016, com 12 anos, pelo próprio tio, um tenente da Brigada Militar que teria ocultado o crime de estupro de vulnerável; Cibelle Viana Athayde Costa, mãe de Isadora Viana Costa, de 22 anos, vítima de feminicídio em 5 de maio de 2018; e Jacqueline Malezan, mãe de Augusto Malezan de Almeida Gomes, uma das 242 vítimas da tragédia da Boate Kiss. A mesa teve como mediadora Vanessa Solis, psicóloga e integrante do Coletivo de Psicanálise de Santa Maria.
Para compartilhar um pouco das suas histórias e de como a vida se transformou depois da madrugada de 27 de janeiro de 2013, o quinto e último painel tratou sobre “A vida depois da boate Kiss”, trazendo os relatos dos sobreviventes Gustavo Cauduro Cadore, médico veterinário e acadêmico de medicina; Maike dos Santos, designer gráfico; Cristiane dos Santos Clavé, funcionária pública, e Delvani Brondani Rosso, protético. O evento teve como tema “Justiça e prevenção, para que nunca mais aconteça”, e iniciou na noite de sexta-feira (26) com caminhada e vigília em frente às ruínas da boate. As atividades ocorreram em homenagem aos 242 jovens vítimas da trágica madrugada de 27 de janeiro de 2013, que deixou outros 636 feridos e culminou na maior tragédia do Rio Grande do Sul e a segunda maior do país em número de vítimas em um incêndio.
A Prefeitura de Santa Maria apoiou o evento com a infraestrutura de palco, lonas, sonorização, cadeiras e banheiros químicos. Agentes da Coordenadoria de Trânsito e Mobilidade Urbana (CTMU) e da Guarda Municipal atuaram nas vias próximas para orientar motoristas e pedestres, e também auxiliaram na segurança na Praça Saldanha Marinho e na Rua dos Andradas durante toda a programação. Profissionais psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais do Santa Maria Acolhe ofereceram acompanhamento psicossocial durante o evento. A iniciativa também contou como apoio de TV OVO, Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism), Silvio Joalheiro, H20 Produções, Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul, Carrefour Supermercados e Planalto Transportes.
Texto: Lenon de Paula (Mtb: 18.763)
Fotos: Guilherme Brum (Prefeitura)
Secretaria de Comunicação
Prefeitura Municipal de Santa Maria